Acelino "Popó" Freitas (Salvador, 21 de setembro de 1975) é um ex-pugilista brasileiro, tetracampeão mundial em duas categorias diferentes de boxe. Atualmente é Deputado Federal pela Bahia.
Acelino Freitas nasceu numa família pobre, de um bairro da periferia da capital baiana, a Cidade Nova, localizado na região da Baixa de Quintas, filho de Niljalma Freitas e Zuleica. Recebeu da mãe o apelido com que tornou-se conhecido, Popó, em referência ao barulho que Acelino fazia quando mamava. Foi alfabetizado por uma vizinha de bairro Neuraci.
Seu pai era também pugilista, assim como três dos seus irmãos, dos quais Luís Cláudio foi quem mais o incentivou a também ingressar na profissão, o que fez já aos 14 anos de idade.
Até o primeiro título mundial, morava com os pais e irmãos naquele casebre, de 6,75 m², que tinha panos como divisórias.
Com dois casamentos, e filhos com três mulheres diferentes, o baiano enfrentou no segundo (com Eliana Guimarães, filha do empresário André Guimarães) uma fase bastante difícil, que refletiu negativamente nos seus resultados sobre os ringues (causando sua primeira derrota na carreira) - a reconciliação veio habilitá-lo a novamente disputar um título, e vencer.
É pai de Rafael, Igor, Iago, Gustavo, Juan e Acelino Popó (Popozinho).
Seus treinamentos básicos são feitos na cidade natal, onde construiu um ginásio, voltado para a preparação de novos talentos. Mas, antes de cada luta, vai para os Estados Unidos, onde as instalações e materiais são muito mais apropriados.
Carreira política
Popó se lançou candidato a deputado federal pela Bahia nas eleições de 2010 pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB).
Inicialmente, não foi eleito como deputado, ficando na primeira suplência. Mas, devido à indicação do deputado Mário Negromonte (PP-BA) para o Ministério das Cidades, Popó herdou a vaga e foi diplomado como deputado federal da Bahia.1
Em 21 de novembro de 2012, votou favoravelmente ao parecer pela admissibilidade à Proposta de Emenda à Constituição37/11, conhecida por PEC da Impunidade, em reunião deliberativa da Comissão Especial.2
Tentou a reeleição nas eleições de 2014, mas não obteve êxito, recebendo 23.017 votos (0,35%).
Carreira no boxe
Popó teve uma carreira vitoriosa, iniciada profissionalmente em 1995, e conquistou 4 títulos mundiais.4 Mede 1,65 m e pesava cerca de 70kg.
Popó iniciou sua carreira com 14 anos como amador. Foi campeão Baiano aos 14, campeão Norte-Nordeste aos 15 e Campeão Brasileiro aos 17 anos. Em 1995, foi convocado para a seleção Brasileira que disputaria os Jogos Pan-Americanos de 1995, em Mar Del Plata. Com a conquista da medalha de prata no Pan, Popó passou a lutar no boxe profissional.
Encerrou a carreira de pugilista profissional em junho de 2012, após sua vitória sobre o brasileiro Michael Oliveira.
Começo como profissional
Popó fez sua primeira luta no dia 14 de julho de 1995, vencendo por nocaute aos 34 segundos do primeiro round. Na sua sexta luta, Popó foi campeão do Mundo Hispano pela WBC (Conselho Mundial de Boxe).
Conquistou o título latino da IBF (Federação Internacional de Boxe) ao derrotar o colombiano Arcelio Diaz no primeiro round. Na sua luta seguinte, já com um cartel de 9-0 (todas as vitórias por nocaute) e como campeão latino, Popó fez sua primeira luta fora do Brasil, na Costa Rica, também vencendo por nocaute. Em 1998 foi campeão brasileiro na categoria Super-leve. Em outubro de 1998 foi campeão do título NABO, titulo regional da WBO (Organização Mundial de Boxe), ao vencer o mexicano José Luis Montes por nocaute no primeiro round.
Em abril de 1999, defendeu o título NABO derrotando o mexicano Juan Angel Macias por nocaute no oitavo round.
Primeiro título mundial
No dia 7 de agosto de 1999, com cartel de 20-0 (20 nocautes), Popó conquistaria seu primeiro título Mundial. A luta ocorreu na França contra o campeão, lutador do Cazaquistão, Anatoly Alexandrov, valendo o título Mundial super-pena da WBO.
Logo no começo da luta Popó tomou a iniciativa, procurando acertar alguma sequência que derrubasse o adversário. E ela veio com pouco mais de 1 minuto de luta com uma sequência seguida de um golpe de direita que levou o campeão aknockdown. O campeão se levantou, mas já estava abalado pelo golpe de Popó que rapidamente voltou a golpear e derrubar de novo seu adversário que ficou inconsciente por 5 minutos.
Após a luta, Popó assinou contrato com a Showtime, e passou a ter suas lutas transmitidas para os Estados Unidos.
Defendendo o título
Da conquista do cinturão até janeiro de 2002 (data de sua luta de unificação), Popó defendeu seu título 6 vezes contraAnthony Martínez, Barry Jones, Javier Jauregui, Lemuel Nelson, Carlos Alberto Ramon Rios e Orlando Jesus Soto, vencendo todas por nocaute. Além de mais 3 lutas sem título em jogo contra Cláudio Victor Martinet (vencida por nocaute no terceiro round), Daniel Alicea (vencida por nocaute no primeiro round) e contra o ex-campeão mundial Alfred Kotey. Por decisão unânime, essa última luta quebrou o recorde de nocautes de Popó (até então Popó tinha vencido todas as suas 29 lutas por nocaute).
Popó Vs. Casamayor
Em 12 de janeiro de 2002, Freitas (30-0 na época) decidiu acertar uma luta de unificação de título dos super-penas com o campeão mundial da WBA (Associação Mundial de Boxe) e campeão olímpico de boxe, Joel Casamayor (26-0 na época). Na disputa de unificação entre os 2 campeões invictos, um knockdown controverso e uma penalização para Casamayor por um golpe ilegal fizeram a diferença, e Popó venceu a dura luta por decisão unânime.
A luta começou com o brasileiro tomando a iniciativa e vencendo claramente os 3 primeiros rounds, mas no decorrer da luta o cubano equilibrou as ações e o que se viu foi uma das lutas mais disputadas do ano.
Em um confronto clássico de boxe entre o nocauteador Popó contra o boxer Casamayor, os papeis se inverteram e o cauteloso e inteligente Casamayor chegou a tomar a iniciativa em alguns rounds enquanto o agressivo Popó mostrou muita movimentação e variação de golpes.
Um golpe de Popó no 3º round, que acertou no ombro direito de Casamayor enquanto esse recuava, foi contado como knockdown pelo árbitro Joe Cortez e Casamayor sofreu uma penalização de 1 ponto por acertar Popó enquanto o juiz os separava de um clinch. Essa foi a diferença na contagens final no scorecards dos juízes. Anel Robert Byrd, Bill Graham e Dave Moretti deram pontuações idênticas de 114 a 112 para o brasileiro.
Popó era então bicampeão mundial super-pena por 2 organizações: WBA e WBO.
Seguindo a grande vitória sobre Casamayor, Popó derrotou o invicto e número 1 do ranking da WBO, Daniel Attah, defendendo seu cinturão. Em seguida, venceu o mexicano Juan Carlos Ramírez por nocaute, defendendo seus 2 cinturões.
Popó Vs. Barrios
Em 9 de agosto de 2003, Popó fez uma das lutas mais memoráveis de sua carreira contra o argentino Jorge Rodrigo Barrios. Barrios tinha um cartel de 39-1-1 e era praticamente invicto já que sua única derrota havia sido por desqualificação. Estavam em jogo seus dois cinturões de super-pena da WBA e WBO.
Popó começou a luta muito bem e vencia tranquilamente a luta até o oitavo round, quando foi pego por um golpe do argentino que o derrubou. A partir daí, a luta tomou outro rumo, com Barrios tomando a iniciativa e procurando nocautear Popó.
No décimo primeiro round, um direto de Barrios levou Popó a knockdown. Popó cuspiu seu protetor bucal para ganhar tempo após a contagem do árbitro. Até o final do round, Barrios tentou de todas as formas nocautear Popó que se defendia. Porém no final do round, bem ao soar do gongo, Popó acertou um direto que levou Barrios a um knockdown que é lembrado até hoje pelos que viram a luta.
A luta recomeçou no round 12 com Popó determinado a decidir a luta e derrubando Barrios mais uma vez. O argentino se levantou, mas uma nova combinação do brasileiro fez Barrios cair de novo e o juiz interromper a luta, dando vitória ao brasileiro.
Popó conseguia então o título de supercampeão super-pena da WBO, uma honraria que é concedida para lutadores que defendem seu cinturão por 10 vezes.
Popó Vs. Grigorian
Após anos defendendo seus títulos de super-pena, Popó (34-0 na época), dia 3 de janeiro de 2004, voltaria a categoriapeso-leve e desafiaria o supercampeão da WBO, o lutador do Uzbequistão Artur Grigorian (36-0 na época). Artur era invicto, campeão desde 1996 e já havia defendido seu título por 16 vezes.
Em uma luta que se esperava ser muito disputada, Popó pareceu não sentir a readaptação ao peso novo e em uma atuação incrível, derrubando o adversário no quarto round e mais 3 vezes (os outros 3 knockdowns contados foram questionáveis), dominou o campeão a luta toda, vencendo por uma merecida decisão unânime (115-108, 116-107 e 116-107).
Popó se tornava campeão mundial pela terceira vez. Sustentando 2 títulos mundiais de super-pena (WBA e WBO) e agora como campeão mundial peso-leve pela WBO.
Logo após sua vitória, Popó foi considerado o Lutador do ano de 2003 pela WBA.
Primeira derrota: Popó vs. Corrale
Popó (35-0) sofreu sua primeira derrota na dia 7 de agosto de 2004, na primeira defesa do seu título dos peso-pena contra o americano Diego Corrales (38-2 na época).
Após dominar claramente os 7 primeiros rounds, Popó aparentemente cansado foi pego por um cruzado do americano que o levou ao chão.
No nono round, quando tentava se recuperar do oitavo, ao tentar uma sequência na linha de cintura, tomou um contra golpe que novamente o fez cair, ao cuspir o protetor bucal, o arbitro penaliza Popó tirando um ponto. Mesmo assim na contagem dos árbitros, e com a penalização sofrida, a contagem ate o nono round estava disputada (Terry Price 86-83 Corrales, Franklin Mcneil 85-83 Freitas, Greg Leon 86-84 Corrales).
No começo do décimo round, Popó sofre novo Knockdown e após se levantar opta por abandonar o combate.
Além de perder a invencibilidade, Popó perdia seu cinturão da categoria peso-leve da WBO.
Após a derrota
Depois de sofrer sua primeira derrota, Popó fez 2 lutas no Brasil. vencendo o Argentino David Saucedo por pontos em dezembro de 2004, e depois derrotando Fabian Salazar, do Panamá por nocaute no primeiro round em julho de 2005.
Popó Vs. Zahir Raheem
Em abril de 2006, Popó (37-1 na época) reconquistaria seu título mundial dos Pesos Leves pela WBO que estava vago. Em luta contra o americano Zahir Raheem ( 27-1 na época). Raheem vinha de uma vitória incrível sobre a lenda mexicana Erik Morales.
A luta desde o seu começo foi muito equilibrada, cheia de movimentação com os 2 lutadores em ótima forma. Durante os 12 rounds, Popó e Raheem trocaram jabs e combinações em um ritmo incrível.
Ao final da luta o brasileiro venceu em decisão dividida dos juízes (115-113 Raheem, 115-113 Freitas, 116-112 Freitas).
Popó conquistava pela quarta vez um título mundial, e reconquistava seu título de peso-leve da WBO.
Após a conquista, Popó anunciou sua aposentadoria. Pouco tempo depois, Popó anunciou que voltaria a lutar.
Segunda derrota: Popó Vs. Diaz
EM 28 de abril de 2007, Popó sofre sua segunda derrota em luta de unificação de títulos da categoria peso-leve. Popó (38-1 na época) campeão peso leve da WBO, enfrentou Juan Diaz (31-0 na época) campeão mundial peso leve da WBA.
Popó começou a luta dominando os primeiros rounds mas logo Diaz começou a fazer prevalecer sua força (Diaz tinha 23 anos, enquanto Popó tinha 31).
No quinto round Diaz conectou boa sequência que quase levou o brasileiro a knockdown.
No fim do oitavo round, depois de receber muitos golpes, Popó decide no corner pouco antes do começo do nono assalto abandonar a luta. Diaz se torna campeão unificado Peso leve da WBA e WBO.
Após essa luta, Popó anuncia sua aposentadoria.
O retorno
Depois de se aposentar, Popó se tornou Deputado Federal pela Bahia. Em 2011, decide fazer uma luta de exibição para seu filho mais novo que nunca o tinha visto lutar. Popó começa a treinar para uma luta de exibição que marcaria sua despedida definitiva do esporte.
Popó então recebe um desafio do jovem lutador Brasileiro Michael Oliveira (17-0) para uma luta. Após negociações, ficou definido que o combate seria no dia 2 de junho no Conrad Casino em Punta del Este, Uruguai.
Após muita promoção e rivalidade criada entre os 2 lutadores, Popó nocauteou Michael em uma luta dominada do começo ao fim. Popó começou a luta tomando a iniciativa e acertando bons golpes no primeiro round. Michael respondeu no segundo round com um gancho de esquerda que fez Popó recuar, mas no final do terceiro round, Popó acertou ótimos golpes levando Michael ao primeiro knockdown da luta. Dai em diante, o que se viu foi um passeio do ex-campeão que ao contrario do que se pensava, não cansou e se movimentou muito com combinações e esquiva em dia, evitando todas as investidas de Michael.
No nono round, depois de muito castigo, Michael foi a knockdown mais 2 vezes, e o árbitro deu aquela que seria a última luta de Popó por encerrada por nocaute técnico no nono round.
Dias após a luta, Michael lançou mais um desafio, desta vez para uma revanche no Brasil e Popó aceitou. Em função da aposentadoria, esse luta não acontecerá.
Em 2014, afirmou que pensaria em voltar novamente a lutar e que desafiaria alguns pugilistas, como Manny Pacquiao, Juan Manuel Márquez e Floyd Mayweather.5 Para isso, Popó começou a treinar e fazer dieta, tentando alcançar os meio-médios, no peso até 66kg, já que está acima desse peso.
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